PERIGOS DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA EM PACIENTES USUÁRIOS DE IMPLANTE COCLEAR.

Estudos recentes têm mostrado que mesmo seguindo todas as orientações do fabricante, a realização de ressonância magnética com o imã não é um procedimento seguro.

Pacientes usuários de implante coclear têm limitações para realização de exames de ressonância magnética. O motivo desta restrição é o fato de que o exame de ressonância magnética geral um fortíssimo campo magnético. Como o implante coclear é composto por metal e ímã, a atração exercida pelo campo magnético da ressonância pode deslocar o ímã, o implante, e até mesmo gerar queimadura por aquecimento no local do ímã - VEJA ESTE VÍDEO DEMOSTRATIVO

Outro aspecto importante e pouco relatado, é o fato de que o campo magnético do implante pode desmagnetizar o ímã, necessitando posterior troca do mesmo.

De um modo geral todas as empresas apresentam as mesmas orientações básicas:

1) Relatório do médico otorrinolaringologista que realizou a cirurgia de implante acompanhado de formulário específico do fabricante constando a marca, modelo e precauções necessárias.

2) Sempre retirar o processador de fala (unidade externa)

3) Para ressonância de até 1,5 tesla não é necessário remover o ímã, mas é necessário realizar o enfaixamento na cabeça.

OBS: Os modelos da Digisonic SP (Neurelec) e os modelos Sonata e Concerto (Medel) não permitem a remoção do ímã.

4) Para ressonância de 1,5 a 3 tesla é necessário a remoção do ímã.

5) Ressonância acima de 3 tesla é proibido para todos os modelos de implante coclear.

Figura: mostrando procedimento para retirada do ímã.

   

OBS: Existe um modelo de implante coclear, o SYNCHRONY da Medel que foi autorizado pelo FDA para realizar a ressonância magnética de até 3 tesla sem a remoção do ímã - PARA INFORMAÇÕES SOBRE SYNCHRONY - CLIQUE AQUI.

5)      Em pacientes inconscientes (anestesiados, coma) ou em bebês e crianças pequenas o ímã deve ser sempre removido.

Estudos recentes têm mostrado que mesmo seguindo todas as orientações do fabricante, a realização de ressonância magnética com o imã não é um procedimento seguro. A ocorrência de dor durante a realização do exame é muito frequente e em cerca de 10% dos casos ocorre deslocamento do ímã com necessidade de uma cirurgia para reposicionamento do ímã. Muitos serviços de radiologia se recusam a realizar o exame mesmo com a autorização do médico otorrinolaringologia e do fabricante.

A remoção do ímã para a realização do exame aumenta muito a segurança do procedimento, além de melhorar a qualidade do exame, porém é um procedimento cirúrgico, que em crianças necessitará de anestesia geral.

Além disso, a manipulação do ímã aumenta o risco de infecções da prótese e deixa o paciente um mês sem o uso do implante até a adequada cicatrização.

Portanto, o exame de ressonância magnética deve ser evitado ao máximo, e ser realizada apenas em extrema necessidade. Em pacientes portadores de doenças no qual a realização de RNM é imprescindível, deve-se levar isso em consideração já na indicação do implante coclear, podendo-se optar por remover o ímã e usar o implante sem o ímã com um adesivo específico para este uso.

Figura: Queimadura provocada pelo ímã do implante durante ressonância magnética.

   


Conclusões:

O Exame de ressonância magnética, embora possa ser realizado, não é seguro em pacientes com implante coclear mesmo seguindo as orientações do fabricante.

Cada marca e modelo possui características próprias e cuidados para a realização do exame.

A impossibilidade de realizar o exame de ressonância magnética deve ser sempre levada em consideração e adequadamente discutido com o paciente, pois pesará na decisão final pelo procedimento.


Referências bibliográficas:

1. Grupe G, Wagner J, Hofmann S, Stratmann A, Mittmann P, Ernst A, Todt I. Prevalence and complications of MRI scans of cochlear implant patients : English version. HNO. 2016 Feb 17.

2. Hassepass F, Stabenau V, Arndt S, Beck R, Bulla S, Grauvogel T, Aschendorff A. Magnet dislocation: an increasing and serious complication following MRI in patients with cochlear implants. Rofo. 2014 Jul;186(7):680-5.

Prof Dr Robinson Koji Tsuji - CRM97471

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